Toma-me
Toma-me. A
tua boca de linho sobre a minha boca
Austera.
Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a
carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte,
amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua
mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência
minha escura agonia.
Tempo do
corpo este tempo, da fome
Do de
dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de
diamante alimentando o ventre,
O leite da
tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós
este tempo futuro urdindo
Urdindo a
grande teia. Sobre nós a vida
A vida se
derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres
vivo sob um jogo novo.
Te ordenas.
E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do
muro, antes da terra, devo
Devo gritar
a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida
textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para
mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De
púrpura. De prata. De delicadeza.
(poetisa
paulista falecida faz hoje 10 anos)
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