A um crítico
Sou o que
sou quando não sou.
Sou o
espelho onde os outros
em mim se
contemplam.
Pensas que
não passo
de um
pássaro canoro
embora eu
seja uma esfinge.
E porque não
me decifras
eu te
devoro.
A noite
misteriosa
Quando
durmo, um pássaro
pousa no meu
ombro.
Vou sem
minha sombra
por essa
alameda
que só há
nos sonhos.
O sol rompe
a névoa
que cai do
céu branco
O pássaro
voa
e termina o
assombro.
O dia
insuficiente
Tamanho dia
não me guarda inteiro.
Dele sobra a
minha alma distraída.
Nesta cinta
no excesso me agasalho,
o ouvido
surdo a toda marulhada
que se
derrama pelo chão cativo.
Pela roda
dos anos aprendi
tudo que
ensina a morte, quando ensina,
como
cartilha aberta sobre a mesa.
Despartido
da vida, embora vivo,
em vão
procuro a terra do outro lado.
Transposta
esta fronteira, não há légua
nem
estrelas, nem novo dia claro.
(poeta
alagoano nascido faz hoje 90 anos)
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