Expiação
Muitas
vezes, a sós, na desventura,
Volvo a mim
mesmo um longo olhar austero,
Um olhar que
interroga... e considero
Os abismos
de fogo da amargura.
Que deus
poderá ser o deus severo,
Que fez cair
sobre a minha alma impura
A noite do
abandono e da tortura,
Em que
desvairo e em que me desespero?
Que pecados trouxe
eu das outras vidas?
De que
faltas antigas cumpro agora
As penas
tristes e descomedidas?
Que alma
infeliz dentro em minha alma implora?
Em que
velhas estrelas escondidas
Fui réu de
crimes sem lembrança, outrora?
(poeta
pernambucano nascido faz hoje 116 anos)
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