O Ovo
Enchi de
Oeste a minha vida,
Como se o
Sol, que estira os peixes,
Me desse a
terra percorrida,
O mar
curvado e um não-me-deixes.
Sol fui no
arco dos dias
E, pesado
Na minha
luz, já mais do que o meu fogo,
Levei as
ondas frias,
O vento e a
vida logo.
Tudo levei,
coroado de horizonte;
O amor
queimei na tarde vaga,
Com uma ilha
defronte.
Mas, queria,
mais que o mar, bater
Ainda as
praias carregadas
De passos,
conchas e do haver
De aves
livres lá pousadas
Que já não
posso recolher.
E um ovo,
Nada mais
que um ovo,
Num punhado
de pó, entre juncais,
Que desse
vida, penas, povo
Para as
aragens e areais.
(Vitorino
Nemésio faleceu faz hoje 36 anos)
1 comentário:
Fugir do mau tempo no canal.
Abraço
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