MOTIVOS
Por que a
poeira da estrada já se faz pálida
Há um rumor
clamando urgências.
Por que os
olhos da noite já se tornaram glaucos
Há uma
esteira iluminando ontens.
Por que as
nuvens galopam desenhos do instinto
Há uma foice
ceifando minutos.
Por que o
presto está prestes a partir na aventura
Há grãos
debulhando agoras.
Por que o
desejo alimenta a lentidão
Há um
pandeiro no ritmo de frevo.
Por que a
fala já é rouca no eco das sílabas
Há um
discurso rotulando verbos.
Por que a
carícia se assola no solo da pele
Há uma
partitura sem sons no silêncio da gruta.
Motivos
existem circundando mandalas
Mandá-las
soar as sete notas sem as pausas
Alimentar os
ventos aventureiros
Cantar a
canção de embalo da sesta
Preservar a
sedução no horário do corpo
Soprar
nuvens no céu dos neurônios
Bem assim o
pedido para alongar a música.
(poeta
amazonense falecido faz hoje 4 anos)
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