À Braseira
Saio da tua
casa. Escorrega,
do codo, a
rua. Alcanço a porta amiga
de teu Tio,
que espera a suecada.
Ah! que rica
braseira! Levas, pronto,
uma chita,
ou lavagem, ou lambida,
ou rapada.
Um jagodes, na Emissora,
alude a um
trintanário de missas
que impôs um
qualquer coiso em testamento.
Eu
barafusto. Rica bacorada!
Que viva a
bela pândega dos burros!
A braseira
consola. Cai folheca
lá fora. Os
vidros suam, lagrimejam.
Apanhas, de
seguida, três capotes.
(escritor
bracarense nascido a 6 de Julho de 1902)
2 comentários:
Belo poema, como belo - notável! - é todo o livro (VIAGENS NO MEU REINO).
Gostaria, contudo que, no 7.º verso, a palavra trintanário fosse colocada em itálico, tal como figura no original. É que, só assim, se realça a "rica bacorada!" proferida pelo "jagodes, na Emissora" contra a qual o autor barafusta.
(E talvez leve o dicionário Priberam a retirar (ou a retificar) o exemplo.)
Já agora - mas isto é um pormenor (será?) -: apesar de nascido em Braga, T. Figueiredo considerava-se arcuense: "Morro de amor pelo meu pátio Minho, / pela vila dos Arcos, pela Casa / de Casares, onde a minha infância dorme / onde esperei, feliz, envelhecer" (...) - Ob. cit., p. 29
Retificação (quase desnecessária):
No verso 'Morro de amor pelo meu pátio Minho', deve ler-se 'Morro de amor pelo meu pátrio Minho'
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