a construção
da manhã
Vai
diluindo-se o negro
sangue da noite assassinada
no asfalto, e já não é
possível conter a invasão.
A última
estrela crava
o fulgor de sua lâmina
impalpável na escura
superfície da imensa miséria do subúrbio
e o dourado
espanador da aurora tenta vasculhar
a tristeza
das casas acordadas.
A cidade
mama o leite
das primeiras notícias
no peito
coletivo de uma
emissora qualquer, e
rumores de
passos de
homens e de máquinas
vão compondo
uma nova
canção de aço e de amargura
no berço
sobressaltado da manhã.
(poeta
sergipiano nascido faz hoje faz 97 anos)
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