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quarta-feira, janeiro 27, 2016

a construção da manhã

Vai diluindo-se o negro
sangue da noite assassinada
no asfalto, e já não é
possível conter a invasão.
A última estrela crava
o fulgor de sua lâmina
impalpável na escura
superfície da imensa miséria do subúrbio
e o dourado espanador da aurora tenta vasculhar
a tristeza das casas acordadas.
A cidade mama o leite
das primeiras notícias
no peito coletivo de uma
emissora qualquer, e
rumores de passos de
homens e de máquinas
vão compondo uma nova
canção de aço e de amargura
no berço sobressaltado da manhã.


(poeta sergipiano nascido faz hoje faz 97 anos)

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