Acordar
tarde
tocas as
flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio
parou de correr e a noite
foi tão
luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e
o serviço postal não funcionou
no dia
seguinte
procuras
ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a
língua na cola dos selos lambidos
por
assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume
possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes
ocasionais - nada a fazer
irás sozinho
vida dentro
os braços
estendidos como se entrasses na água
o corpo num
arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me
abrigo do mortal brilho do meio-dia
(poeta
coimbrão que hoje faria 68 anos)
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