Desespero
Não eram
meus os olhos que te olharam
Nem este
corpo exausto que despi
Nem os
lábios sedentos que poisaram
No mais
secreto do que existe em ti.
Não eram
meus os dedos que tocaram
Tua falsa
beleza, em que não vi
Mais que os
vícios que um dia me geraram
E me
perseguem desde que nasci.
Não fui eu
que te quis. E não sou eu
Que hoje te
aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso
desta raiva que me deu
A grande
solidão que de ti espero.
A voz com
que te chamo é o desencanto
E o esperma
que te dou, o desespero.
(Ary dos
Santos faleceu faz hoje 32 anos)
Sem comentários:
Enviar um comentário