sábado, maio 23, 2015

ARS

O verso é um vaso santo; ponde nele somente
um pensamento puro,
em cujo fundo bulam ferventes as imagens,
como bolhas douradas de um velho vinho escuro!

Ali vertei flores que na contínua luta
pisou do mundo o frio,
lembranças deliciosas de tempos que não voltam,
e nardos empapados de gotas de rocio.

Para que se perfume a mísera existência
Como de essência ignota,
queimando-se no fogo da alma enternecida:
de tal supremo bálsamo chega uma só gota.


(poeta colombiano falecido a 23 de maio de 1886) 

Tradução de José Bento

Sem comentários: