Ode Pagã
Viver! - O corpo nu, a saltar, a correr,
Numa praia
deserta… Ou rolando, na areia,
Rolando, até
ao mar… Que importa o que a alma anseia?
- Isto sim,
é viver!
O paraíso é
nosso e está na terra. Nós,
É que temos
o olhar velado de incerteza;
E julgamos
ouvir a voz da natureza,
Ouvindo a
nossa voz.
Ilusões! A
cultura, o amor, a poesia…
Não igualam,
sequer, um dia à beira-mar,
Vivido
plenamente, - a sorver, a beijar
O vento e a
maresia!
Viver, é
estar assim: a fronte ao céu erguida,
Os membros
livres, as narinas dilatadas;
Com toda a
natureza, em espírito, as mãos dadas…
- O resto,
não é Vida!
Que venha
pois, a brisa, e me trespasse a pele,
Para melhor
poder compreendê-la e amá-la!
Que a voz do
mar me chame e, ouvindo a sua fala,
Eu vá e seja
dele!
Que o sol
penetre bem na minha carne e a deixe
Queimada,
para sempre; as ondas, uma a uma,
Rebentem no
meu corpo! E eu fique, ébrio de espuma,
Contente
como um peixe!
(poeta
português falecido faz hoje 65 anos)
1 comentário:
Na poesia, o mar pode ser um Deus.
Abraço
Enviar um comentário