Ambiente
A Alexandre de Médicis
A rua é tão
estreita
que o luar
mal chega às pedras
que pisei,
ao vir aqui.
A casa tem
pior fama
do que a
rua, onde só passa
quem não tem
outro caminho.
A sala, onde
vim juntar-me
com a
baixeza da vida,
tem menos
luz do que a rua
e os olhos
não têm estrelas.
Há uma
mulher perdida
que diz a
sua desgraça.
Um
marinheiro possante
fala de
terras, do mar,
e as suas
mãos têm saudade
da guitarra
que está longe...
Anda, no ar,
perturbante,
um cheiro de
vinho novo
que enjoa,
mas faz querê-lo
junto com
reles comidas.
O pensamento
da gente
não se fixa
em coisa alguma:
vai como
nota de música...
As almas
estão com sono.
As horas
passam
sem se dar
por elas...
... E só
longe
alguém
cantará o fado.
(poeta
portuense falecido faz hoje 22 anos)
1 comentário:
Um poema cru como crus são os ambientes das noites marginais.
Abraço
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