Liberta em
pedra
Livre,
liberta em pedra.
Até onde
couber
tudo o que é
dor maior,
por dentro
da harmonia jancente,
aguda, fria,
atroz,
de cada dia.
Não importam
feições,
curvas de
seio e ancas,
pés erectos
à luz
e brancas,
brancas, brancas,
as mãos.
Importa a
liberdade
de não ceder
à vida
um segundo
sequer.
Ser de pedra
por fora
e só por
dentro ser.
- Falavas? Não ouvi.
- Beijavas? Não senti.
Morreram?
Ah, Morri, morri, morri!
Livre,
liberta em pedra,
voltada para
a luz
e para o mar
azul
e para o mar
revolto…
E fugir pela
noite,
sem corpo,
sem dinheiro,
para ler os
meus santos,
e os meus
aventureiros,
(para ser
dos meus santos,
dos meus
aventureiros),
filósofos e
nautas,
de tantos
nevoeiros.
Entre o peso
das salas,
da música
concreta,
de
espantalhos de deuses,
que fará o
Poeta?
(poetisa
benaventense nascida a 28 de Outubro de 1920)
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