O sal da
língua
Escuta,
escuta: tenho ainda
uma coisa a
dizer.
Não é
importante, eu sei, não vai
salvar o
mundo, não mudará
a vida de
ninguém - mas quem
é hoje capaz
de salvar o mundo
ou apenas
mudar o sentido
da vida de
alguém?
Escuta-me,
não te demoro.
É coisa
pouca, como a chuvinha
que vem
vindo devagar.
São três,
quatro palavras, pouco
mais.
Palavras que te quero confiar.
Para que não
se extinga o seu lume,
o seu lume
breve.
Palavras que
muito amei,
que talvez
ame ainda.
Elas são a
casa, o sal da língua.
(Eugénio de
Andrade nasceu faz hoje 90 anos)
1 comentário:
É bonito, repousante, passar aqui.
Obrigada
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