CUME
É a hora da
tarde, essa que põe
seu sangue
nas montanhas.
E nesta hora
alguém está sofrendo;
uma perde,
angustiada,
bem neste
entardecer o único peito
contra o
qual se estreitava.
Há algum
coração em que o poente
Mergulha
aquele cume ensangüentado.
O vale já
sombreia
e se enche
de calma.
Mas, lá do
fundo, vê que se incendeia
de rubor a
montanha.
A esta hora
ponho-me a cantar
minha eterna
canção atribulada.
Sou eu que
estou batendo
o cume de
escarlate?
Ponho em meu
coração a mão e o sinto
a verter
quando bate.
(poetisa
chilena e primeira mulher a ser galardoada com o Nobel da literatura, faleceu
em Nova Iorque a 10 de Janeiro de 1957)
Tradução de
Ruth Sylvia de Miranda Salles
(não gosto da tradução, mas mantive-a por ser de uma
edição da Academia Brasileira de Letras)
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