domingo, janeiro 27, 2013

de auroras, noites e sereias

Jogo os dados no mar, como quem joga
a sorte das estrelas ou do vento,
e fico a embaralhar as ondas, como
o lúcido hierofante que desvenda

nas cartas o destino dos mortais.
Não sei qual é a carta-chave, mas
capto o sentido exato e a voz de quem
profere a frase mágica de tudo.

E se há no fundo náufragos que vão
com dedos ágeis folheando páginas
de noites e de auroras impossíveis,  

na superfície há sempre olhos profanos
de peixes e sereias, traduzindo
o jogo de meus dedos sobre o mar.


(poeta sergipiano que hoje faz 94 anos)

1 comentário:

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