Vamos
brincar de romantismo
Nunca te
poderia dar um momento de romantismo
Com a
presença do meu sangue,
A presença
indomável dos meus nervos,
A presença
exaltada dos meus sentidos,
A exaltação
dos teus sentidos, todos presentes
Na festa
nupcial da noite breve.
O romantismo
mal sussura;
Exige grilos
rondando a casa.
Vamos
brincar de romantismo com a ausência do meu corpo.
E com a
ausência do teu corpo.
Vamos
brincar de tristeza faz-de-conta.
Amanhã não
virei para a festa nupcial de cada noite.
Vou campear
estrelas.
Ficará
sozinha, no quarto vazio.
Flores. É
bom umas flores, mas que se despetalem como lágrimas.
Hás de pôr
as faces nas mãos morenas. Cerrarás os olhos.
Enquanto
isso, os sapos todos desta rua, que vai ficar triste,
Virão cantar
uma cantiga-de-amor-ausente.
Bem perto de
tua janela,
Nas poças de
água...
(poeta
baiano nascido faz hoje 103 anos)
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