Quem Sabe?
Diz a
mecânica quântica
que as
partículas atômicas
se comportam
de um jeito
quando são
observadas
e de outro
quando estão sós
(como,
aliás, todos nós).
E quem nos
assegura
que o
Universo que está aí
não é como
aí está
quando
ninguém está olhando?
E que quando
os astrônomos
se viram do
telescópio
para a
prancheta
o Universo
não faz
uma careta?
O corpo e a
mente
têm
biografias separadas,
cada um sua
memória própria,
seu próprio
jogo de charadas,
Meu corpo
tem lembranças
- cheiros,
tiques, andanças -
que a mente
não registrou
e o corpo
não tem as marcas
de metade do
que a mente passou
(Pior que
uma mente insana
num corpo
sem muito assunto
é um corpo
que já foi ao Nirvana
sem que a
mente tenha ido junto.)
Cada um tem
um passado
do qual o
outro não tem pista
(como um
bilhete amassado)
e nem o
Mahabharata
explica uma
mente anarquista
num corpo
socialdemocrata.
Compartilham
bioplasmas
e o gosto
por certas atrizes,
mas não tem
os mesmos fantasmas
nem as
mesmas cicatrizes.
Das duas,
uma, gente:
ou toda
mente é de outro corpo
- ou todo
corpo mente.
(Luís
Fernando Veríssimo faz hoje 79 anos)
2 comentários:
Um poema que não conhecia! Gostei.
Um bom fim de semana lino e um beijinho
Na verdade nem todos os Coelhos são iguais
Abraço
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