Nihil
Homem!
Homem! Mendigo do Infinito!
Abres a boca
e estendes os teus braços
A ver se os
astros caem dos espaços
A encher o
vácuo imenso do finito!
Porque sobes
à rocha de granito?
Porque é que
dás no ar tantos abraços?
E cuidas
amarrar com férreos laços
Um reflexo
da sombra de um esp’rito?
Vê que o
céu, por escárnio, a luz nos lança!
Que, à tua
voz, a voz da imensidão
Responde com
imensa gargalhada!
A ideia
fechou a porta à esp’rança
Quando lhe
foi pedir gasalho e pão...
Deixou-a
cara a cara com o Nada!...
(Antero de
Quental faleceu a 11 de Setembro de 1891)
1 comentário:
Um poema muito actual.
Abraço
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