Poema VI
Hoje pensar
me dói como ferida.
O próprio
poema não é poema.
Tem qualquer
coisa de trágico.
De pétalas
descidas.
De véu
cobrindo o retrato
de um morto.
Hoje pensar
me dói como ferida.
Mas é uma
imposição - pensar.
Não quero
estado de graça,
nem aceito
determinismo.
Só a morte é
irreversível.
A opressão
do azul
aumenta meu
conflito,
e é cruel
escutar as razões
da razão.
Quisera
repartir-me
no cristal
da manhã.
Ser um pouco
daquela rosa
tocada de
irrealidade;
da tênue luz
ferindo
o espelho do
rio;
daquela
estátua pudica
que parece
ter ressuscitado
a inocência.
Mas em vez
disso,
aqui estou:
queimada em
pensamentos,
quebrados os
instrumentos
do sonho.
(poetisa
gaúcha nascida faz hoje 110 anos)
Sem comentários:
Enviar um comentário