segunda-feira, agosto 03, 2015

Momento

Não sei qual seja agora o meu querer:
Se ver-te para não ter mais saudades
Se as saudades de te ver,
Que ver-te a dois passos me faz desejar-te
Mais perto
E mais perto
Esmagada comigo
Num rito brutal ─ os dois sangues trocados!

Mas eu sei que ficaremos
Separados
Como valvas de marisco
No cisco da praia!
─ Duas peças do engenho de Deus
Avariado,
Enquanto o Homem não descobre o Mundo.


(poeta ansianense falecido faz hoje 76 anos) 

3 comentários:

Justine disse...

Gostei do ansianense!

Mar Arável disse...

Não há morte para o vento

jrd disse...

Separados como valvas de marisco. Bela metáfora.

Uma abraço