Ode aos calhordas
Os calhordas
são casados com damas gordas
Que às vezes
se entregam à benemerência:
As damas dos
calhordas chamam-se calhôrdas
E cumprem
seu dever com muita eficiência
Os filhos
dos calhordas vivem muito bem
E fazem
tolices que são perdoadas.
Quanto aos
calhordas pessoalmente porém
Não fazem
tolices - nunca fazem nada.
Quando um
calhorda se dirige a mim
Sinto no seu
olho certa complacência.
Ele acha que
o pobre e o remediado
Devem
procurar viver com decência.
Os calhordas
às vezes ficam resfriados
E essa
notícia logo vem nos jornais:
"O Sr.
Calhorda acha-se acamado
E as
lamentações da Pátria são gerais."
Os calhordas
não morrem - não morrem jamais
Reservam o
bronze para futuros bustos
Que outros
calhordas da nova geração
Hão de
inaugurar em meio de arbustos.
O calhorda
diz: "Eu pessoalmente
Acho que as
coisas não vão indo bem
Pois há
muita gente má e despeitada
Que não está
contente com aquilo que tem."
Os calhordas
recebem muitos telegramas
E
manifestações de alegres escolares
Que por este
meio vão se acalhordando
E amanhã
serão calhordas exemplares.
Os calhordas
sorriem ao Banco e ao Poder
E são
recebidos pelas Embaixadas.
Gostam muito
de missas de ação de graças
E às
sextas-feiras comem peixadas.
(escritor
brasileiro nascido faz hoje 101 anos)
4 comentários:
Os calhordas chegam a ministros com facilidade.
Abraço
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