Domingo
Acordámos
com o céu encostado
no ouvido,
nuvens que ladravam e mordiam
o domingo, a
partir do alto das montanhas.
E aqui
continuamos, agarrados a nós próprios,
como dois
miúdos que não têm para onde ir.
Estamos
presos ao sofá unicamente porque sim,
nem tristes
nem alegres, metidos no roupão
e nos
chinelos, pequenos cadeados de trazer
por casa. O
mundo, esse, vem buscar-nos
amanhã.
Bate-nos à porta, à hora do costume,
palitando os
dentes com a ponta da navalha.
(poeta
vila-realense que faz hoje 47 anos)
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