terça-feira, outubro 30, 2012

Outrora

Outrora alguém olhou com os meus olhos
e alguém sentiu também com meus sentidos.
Alguém foi Eu, em sonhos derruídos,
alguém viveu de mim ante os teus olhos.

Por isso se me vejo, me conheço
de me ter visto outrora no meu Eu.
O meu passado é tudo que adormeço,
tudo o que envolvo em mim e me esqueceu.

E as minhas mãos que no teu sonho exaltas,
outrora para Deus as elevei...
Não tocavam em Deus, eram mais altas.

Minha presença é alma que se ausenta
e o meu passado que ante mim deixei,
uma cadeira onde ninguém se senta.


(poeta português nascido faz hoje 121 anos)

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