How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
terça-feira, setembro 08, 2015
Vamos
brincar de romantismo
Nunca te
poderia dar um momento de romantismo
Com a
presença do meu sangue,
A presença
indomável dos meus nervos,
A presença
exaltada dos meus sentidos,
A exaltação
dos teus sentidos, todos presentes
Na festa
nupcial da noite breve.
O romantismo
mal sussura;
Exige grilos
rondando a casa.
Vamos
brincar de romantismo com a ausência do meu corpo.
E com a
ausência do teu corpo.
Vamos
brincar de tristeza faz-de-conta.
Amanhã não
virei para a festa nupcial de cada noite.
Vou campear
estrelas.
Ficará
sozinha, no quarto vazio.
Flores. É
bom umas flores, mas que se despetalem como lágrimas.
Hás de pôr
as faces nas mãos morenas. Cerrarás os olhos.
Enquanto
isso, os sapos todos desta rua, que vai ficar triste,
Virão cantar
uma cantiga-de-amor-ausente.
Bem perto de
tua janela,
Nas poças de
água...
(poeta
baiano nascido faz hoje 103 anos)
segunda-feira, setembro 07, 2015
ODE
ANALGÉSIVA
a pátria é o
embaixo das roupas.
é lá que dói
e se desfazem
as linhas
mínimas do ventre
o lacre
avesso do silêncio
e o destino
de selo intêmpere.
é lá o
magazine de medos
onde quem
sabe há calado
na
caricatura de seus becos
ou no
domicílio de seus fados.
(poeta
goiano que hoje faria 51 anos)
domingo, setembro 06, 2015
Os Poetas
Nunca os
vistes
Sentados nos
cafés que há na cidade,
Um livro
aberto sobre a mesa e tristes,
Incógnitos,
sem oiro e sem idade?
Com magros
dedos, coroando a fronte,
Sugerem o
nostálgico sentido
De quem
rasgasse um pouco de horizonte
Proibido...
Fingem de
reis da Terra e do Oceano
(E filhos
são legítimos do vício!)
Tudo o que
neles nos pareça humano
É fogo de
artifício.
Por vezes,
fecham-lhes as portas
- Ódio que a
nada se resume -
Voltam,
depois, a horas mortas,
Sem um queixume.
E mostram
sempre novos laivos
De poesia em
seu olhar...
Adolescentes!
Afastai-vos
Quando algum
deles vos fitar!
(poeta
portuense nascido faz hoje 111 anos)
sábado, setembro 05, 2015
Já não
importam os dias
Não, já não
importam as guerras,
nem a
cumplicidade do silêncio imposto
com a
overdose fatal dos nossos sonhos.
Estandartes
levantados por mãos impróprias
também já
não importam.
Já nem
sequer importam as mãos
à procura
das horas mágicas,
nem a
ousadia transbordante dos segundos,
e as flores
muito menos importam
porque é
insuportável o seu odor.
Tão pouco
importam os velhos sorrisos,
plenos de
conveniência,
e a música
monótona desta sinfonia
de autores
duvidosos.
Os abraços
que se percam, absortos,
porque já
não importam.
Os beijos
são inúteis, também
já não
importam.
Já não
importam os dias. Claros
ou escuros
que eles sejam. Não importam.
Restam as
noites brancas e esquecidas,
onde os
orgasmos se repetem e a claridade
se recusa.
Para sempre.
(poeta
brigantino que hoje faz 52 anos)
sexta-feira, setembro 04, 2015
fingir que
está tudo bem
fingir que
está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa
passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo,
gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está
tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos
olhares se encontram é noite: as pessoas
não
imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis:
as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos:
fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele
igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos
lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de
mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes:
ferros em
brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e
morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que
nos queima, um incêndio que nos afoga.
(José Luís
Peixoto faz hoje 41 anos)
Percam para
Sempre
Percam para
sempre as tuas mãos o jeito de pedir.
Esqueça para
sempre a tua boca
O que disse
a rezar.
E os teus
olhos nunca mais, nunca mais saibam chorar
Porque é
inútil.
Faz como os
outros fizeram
Quando
chegou o momento
De perder o
medo à morte
Por ter
muito amor à vida.
(poeta
alvitense nascido 4 a de Setembro de 1920)
quinta-feira, setembro 03, 2015
O sistema
Os
funcionários não funcionam.
Os políticos falam mas não dizem.
Os votantes
votam mas não escolhem.
Os meios de
informação desinformam.
Os centros
de ensino ensinam a ignorar.
Os juízes
condenam as vítimas.
Os militares
estão em guerra contra seus compatriotas.
Os polícias
não combatem os crimes, porque estão ocupados cometendo-os.
As
bancarrotas são socializadas, os lucros são privatizados.
O dinheiro é
mais livre que as pessoas.
As pessoas
estão ao serviço das coisas.
(escritor
uruguaio que hoje faria 75 anos)
quarta-feira, setembro 02, 2015
terça-feira, setembro 01, 2015
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