Engodo
A poesia não
pode tratar de mim,
nem eu da
poesia.
Estou só, o
poema está só,
o resto é
dos vermes.
Estava à
beira das ruas onde moram as palavras,
livros,
cartas, notícias,
e esperava.
Sempre
esperei.
As palavras,
em formas claras ou escuras,
transformaram-se
em alguém escuro ou mais claro.
Poemas
passam por mim
e
reconheciam-se como coisa.
Via-o e
via-me.
Esta
escravidão não tem fim.
Esquadrões
de poemas procuram os seus poetas.
Vão errando
sem comando pelo grande distrito das palavras
e esperam o
engodo da sua forma
feita,
perfeita, fechada,
concentrada
e
intangível.
(poeta holandês
que hoje faz 81 anos)
Tradução de
Fernando Venâncio
1 comentário:
Curioso. A poesia em buscado poeta.
Abraço
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