AÍ ESTÁ O
SALDO FINAL
Confiei em
mim desde o primeiro momento.
Custa muito
pouco ser dono do vento.
E à besta
não lhe é mais custosa
a vida, até
que a lançam à fossa.
Nasci, amei,
fui longe, fiz o resto.
Com medo, às
vezes, mantive-me no posto.
Paguei
sempre as dívidas contraídas
e agradeci,
com as mãos estendidas.
Se fingida
mulher aqui e além me quis,
amei-a, para
que pudesse ser feliz.
Fiz cordas,
varri, dei-me ao vinho
e entre os
espertos fingi-me cretino.
Vendi
brinquedos, pão e poesia,
jornais e
livros: o que se vendia.
Não morrerei
enforcado em fácil trama
ou em grande
batalha, mas na cama.
Vivi (já
está aí o saldo final):
Muitos
outros morreram deste mal.
(poeta
húngaro nascido faz hoje 109 anos)
Tradução de
Egito Gonçalves
3 comentários:
Morreu em paz porque em paz viveu.
Abraço
Estupendo poema de alguém que não conhecia, ao contrário do tradutor...
Beijinhos
Em Abril
rebentam os cravos
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