AÍ ESTÁ O
SALDO FINAL
Confiei em
mim desde o primeiro momento.
Custa muito
pouco ser dono do vento.
E à besta
não lhe é mais custosa
a vida, até
que a lançam à fossa.
Nasci, amei,
fui longe, fiz o resto.
Com medo, às
vezes, mantive-me no posto.
Paguei
sempre as dívidas contraídas
e agradeci,
com as mãos estendidas.
Se fingida
mulher aqui e além me quis,
amei-a, para
que pudesse ser feliz.
Fiz cordas,
varri, dei-me ao vinho
e entre os
espertos fingi-me cretino.
Vendi
brinquedos, pão e poesia,
jornais e
livros: o que se vendia.
Não morrerei
enforcado em fácil trama
ou em grande
batalha, mas na cama.
Vivi (já
está aí o saldo final):
Muitos
outros morreram deste mal.
(poeta
húngaro nascido faz hoje 109 anos)
Tradução de
Egito Gonçalves
Morreu em paz porque em paz viveu.
ResponderEliminarAbraço
Estupendo poema de alguém que não conhecia, ao contrário do tradutor...
ResponderEliminarBeijinhos
Em Abril
ResponderEliminarrebentam os cravos