sábado, março 09, 2013

Multiplicação

Dêem-me minhas mãos,
que eu quero semear a terra.

Com elas,
alumiarei o cego,
afagarei a face do leproso
e enxugarei o suor do moribundo...

Violarei o cofre do usurário
e saciarei a fome do necessitado...

Eu quero minhas mãos,
para aliviar o laço do enforcado,
para guiar os passos do ébrio,
para estancar o sangue do esfaqueado...

Eu preciso das minhas mãos,
para libertar o detento,
para socorrer o fugitivo,
para salvar o afogado...

Dêem-me minhas mãos,
que eu quero colher flores,
para o leito da noiva,
para o berço do recém-nascido...

Eu quero minhas mãos,
eu preciso das minhas mãos,
para, com elas, milagres propagar.


(poeta  norte-rio-grandense nascido faz hoje 102 anos)

1 comentário:

São disse...

Não conhecia, como já é habitual...

Não vi o vídeo anterior, porque ao meu computador não lhe apeteceu.

Um abraço muito grato pela(s) magnígica(s) rosa(s) e que seja feliz com a sua companheira e filha, sempre