Pátria
Por um país
de pedra e vento duro
Por um país
de luz perfeita e clara
Pelo negro
da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos
de silêncio e de paciência
Que a
miséria longamente desenhou
Rente aos
ossos com toda a exactidão
Do longo
relatório irrecusável
E pelos
rostos iguais ao sol e ao vento
E pela
limpidez das tão amadas
Palavras
sempre ditas com paixão
Pela cor e
pelo peso das palavras
Pelo
concreto silêncio limpo das palavras
Donde se
erguem as coisas nomeadas
Pela nudez
das palavras deslumbradas
Pedra rio vento casa
Pranto dia
canto alento
Espaço raiz
e água
Ó minha
pátria e meu centro
Me dói a lua
me soluça o mar
E o exílio
se inscreve em pleno tempo.
(Sophia de
Mello Breyner Andresen nasceu faz hoje 93 anos)
2 comentários:
Excelente escolha para homenagem a Sophia.
Beijinho e uma flor
Excelente poema!!
Abraço
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