As Usinas
Desce o rio, lento, pesadão, molengo.
Mas, de repente,
se despenha no desespero do despenhadeiro.
É a cachoeira, a acachoar, zoando e retumbando no seio
virgem da floresta virgem.
E, além, são as águas, que se refreiam,
que
se represam,
e é a luta esplêndida de mil cavalos imaginários
nos canos grossos,
nos tubos longos,
pelas turbinas adentro, - em turbilhão.
E, então, lá no alto, à luz do dia, apoteóticamente,
as fábricas gemem,
os teares cantam,
as serras guincham,
- e, à noite, como que num milagre, é a cidadela
toda esplendente de alampadários.
Henrique de Resende
(poeta mineiro falecido a 16 de Setembro de 1973)
1 comentário:
Poema muito bem construído, com um ritmo febril e as aliterações que quase lhe dão som...
Bom domingo:))))
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