Cromo
andamos pelo
mundo
experimentando
a morte
dos brancos
cabelos das palavras
atravessamos
a vida com o nome do medo
e o consolo
dalgum vinho que nos sustém
a urgência
de escrever
não se sabe
para quem
o fogo a
seiva das plantas eivada de astros
a vida
policopiada e distribuída assim
através da
língua... gratuitamente
o amargo
sabor deste país contaminado
as manchas
de tinta na boca ferida dos tigres de papel
enquanto
durmo à velocidade dos pipelines
esboço
cromos para uma colecção de sonhos lunares
e ao
acordar... a incoerente cidade odeia
quem deveria
amar
o tempo
escoa-se na música silente deste mar
ah meu
amigo... como invejo essa tarde de fogo
em que
apetecia morrer e voltar
(Al Berto
faleceu faz hoje 15 anos)
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