Os Cantos do
Crepúsculo
Desde que eu
meu lábio levei ao copo plenamente cheio,
Desde que eu
minhas mãos coloquei em minha fronte pálida,
Desde que eu
respirei às vezes o sopro suave
De tua alma
, perfume de tua sombra enterrada,
Desde que me
era dado ouvir um ao outro me chamar
As palavras
que se derramam no coração misterioso,
Desde que eu
vi chorar , desde que eu vi sorrir
Sua boca em
minha boca e seus olhos em meus olhos;
Desde que eu
vi brilhar em minha cabeça encantada
Um raio de
tua estrela, ai! sempre escondida,
Desde que eu
vi desabar nas ondas de minha vida
Uma folha de
rosa arrancou os teus dias,
Eu me coloco
agora a contar os rápidos anos:
- Passam!
Passam sempre! Eu não tenho mais a idade!
Vou partir
para que tuas flores desbotem todas;
Eu tenho na
alma uma flor que ninguém pode colher!
Suas asas
batendo não farão que nada se derrame
Do vaso
d’água que bebo e que eu bem enchi
Minha alma
não tem mais fogo do que vós possuís em cinzas!
Meu coração
não tem mais amor do que vós possuis esquecimento!
(Victor Hugo
faleceu faz hoje 126 anos)
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