terça-feira, janeiro 10, 2012

CUME

É a hora da tarde, essa que põe
seu sangue nas montanhas.

E nesta hora alguém está sofrendo;
uma perde, angustiada,
bem neste entardecer o único peito
contra o qual se estreitava.

Há algum coração em que o poente
Mergulha aquele cume ensanguentado.

O vale já sombreia
e se enche de calma.
Mas, lá do fundo, vê que se incendeia
de rubor a montanha.

A esta hora ponho-me a cantar
minha eterna canção atribulada.

Sou eu que estou batendo
o cume de escarlate?

Ponho em meu coração a mão e o sinto
a verter quando bate.


(poetisa chilena falecida a 10 de Janeiro de 1957) 

Tradução de Ruth Sylvia de Miranda Salles

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