How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
domingo, maio 25, 2008
Ignorâncias
Há muitos anos, tantos que apenas havia o canal público de televisão que prestava alguns serviços à cultura, uma jovem estrela em ascensão no nosso panorama televisivo, ao pretender anunciar a realização do festival de Bayreuth (pronuncia-se “bairróit”), cidade da Baviera onde viveu Richard Wagner e que todos os anos lhe dedica um festival de ópera, disse que na próxima semana se realizava o festival de Beirute. Tal não a impediu de vir a ser directora de programas e até adida cultural numa culta capital europeia.
Anos depois, um outro apresentador de televisão, ao informar-nos de que um determinado julgamento tinha sido adiado sine die, expressão latina que significa sem prazo marcado, disse alto e bom som que o tal julgamento fora adiado “sáinè dai”, como se a expressa latina fosse de origem inglesa.
Vários outros “letrados” no mesmo ou em lugares semelhantes, ao pretenderem pronunciar o portuguesíssimo vocábulo item, que por provir directamente do latim se lê tal como se escreve e tem como plural itens, foram falando em “áitem” e áitems”.
Há cerca de duas semanas, um outro jornalista, ao fazer uma reportagem sobre a feira do emprego realizada no Porto, informou alegremente que o primeiro passo na procura de emprego consistia na entrega do “curriculum vitái” (referia-se, certamente, ao “curriculum vitae”, outra expressão latina). Como se isso não fosse suficiente, o apresentador do telejornal falou dos vários tornados que assolaram os Estados Unidos, esclarecendo que as cidades mais atingidas tinham sido Missouri e Oklahoma. Ora Missouri e Oklahoma não são cidades mas sim Estados, não consta que haja qualquer cidade chamada Missouri e Oklahoma City, capital e maior cidade do Oklahoma, parece nem sequer ter sido atingida. Ninguém da RTP deu pelo tal “curriculum vitái”, pois a peça foi repetida no jornal das 20H00.
Agora, com o acordo da discórdia, é provável que passemos a ouvir dizer “mídia” a torto e a direito quando alguém quiser referir-se aos meios de comunicação social, dado que os crânios da linguística que fizeram o acordo à imagem do próprio umbigo devem desconhecer que os povos de fala inglesa foram pedir de empréstimo o plural da palavra latina “medium” (“media”), adaptando (ou será adatando?) a pronúncia à sua língua.
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1 comentário:
Ignorâncias! Essas e outras, como, por exemplo a do menino betinho que "lê" o telejornal da meia-noite da sic notícias e que afirmou com petulância de cinéfilo que o festival de Cannes tinha aberto com "Blindness" um filme baseado em Salazar.
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