Tiradentes
Parte das minhas visitas vêm do Brasil. Do Rio, de São Paulo, de Minas Gerais, do Ceará e de outros Estados desse imenso País.
Por isso, não podia deixar de assinalar o dia de hoje, feriado nacional no Brasil por ser o dia da morte de Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, considerado o Patrono Cívico do País.
Tiradentes foi condenado à morte, decapitado e esquartejado em 21 de Abril 1792, por ordem da nossa Raínha Louca, D. Maria I, porque assumiu a total responsabilidade de um movimento originário de Minas Gerais, chamado Inconfidência Mineira, que visava a independência da colónia portuguesa que, então, o Brasil era.
Sendo um dos Inconfidentes de menor estatuto social, foi atraiçoado, mas não denunciou ninguém. Foi o único condenado à morte, tendo os os restantes participantes no movimento sido condenados ao degredo, em África.
Ao procurar um poema que lhe fosse dedicado, deparei com a página de um poeta relativamente jovem, João Barcellos, que escreveu este primor:
Oh, Tiradentes!
nos lugares por onde passaste e puseste tua fala
ficaram expostas as tuas partes
enforcaram-te porque ao bruto império disseste não
cortadas as partes
salgadas foram
para que o império uno também no além-mar
d’el-rei soubesse e sentisse a mão pesada
cortadas as partes
salgadas foram
enquanto os poetas íam pela vela enfunada na bolina
preencher punição nas partes africanas em danado destêrro
foi-se o romântico bulir da revolução no estêrco
imperial das afonsinas e filipinas ordenações da justiça
cortadas as partes
salgadas foram
com mirradas gotas d’água benta em benção ensanguentada
fúnebre cortejo que a alma brasileira há-de sempre lembrar
cortadas as partes
salgadas foram
se assim o era nos arraiais d’el-rei assim a revolução
foi decepada em todas as partes
e não somente as tuas porque ainda agora ouvimos a tua fala
João Barcellos (Ouro Preto - 1998)
(Tiradentes Esquartejado, quadro de Pedro Américo - 1893)
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