How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
A ética do aborto
Pedro Galvão é licenciado e mestre em Filosofia pela Universidade de Lisboa, onde prepara o doutoramento em Ética. É autor de artigos de ética normativa, tem publicado traduções de obras filosóficas e edita a Trolei, uma revista electrónica de filosofia moral e política.
Para o livro “A ética do aborto”, editado em 2005 pela Dinalivro, seleccionou, traduziu e organizou seis textos marcantes sobre as implicações éticas do aborto, três que o defendem e três que o condenam. Mas todos colocam o debate num nível elevado e de grande sofisticação.
Falta exactamente um mês para que nos possamos pronunciar em referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, até às 10 semanas de gestação, a pedido da mulher.
Este livro de 199 páginas, com uma excelente introdução do tradutor e organizador, lê-se de um fôlego. Fazê-lo, ajudará a limpar a mente dos argumentos maus e falaciosos que têm sido esgrimidos na autêntica batalha campal que tem sido o pseudo debate a que assistimos diariamente.
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15 comentários:
Acho que sim.Vou tentar lê-lo.
obrigada pela indicação. Vou ver se leio.
Bravo, Lino! :) Excelente conselho!
Tentem ler também o ensaio do Pedro Madeira, a que faço referência no meu post do dia 4 de Janeiro intitulado "A pobreza do debate". Está lá a ligação, é de acesso muito fácil e não custa nada.
O ensaio de Pedro Madeira não me parece tão bom, pois de vez em quando baralha um pouco as coisas!...
(Por exemplo, na crítica ao "argumento social", em que estabelece uma falsa analogia entre o aborto e a pedofilia e cai na petição de princípio, visto que a pedofilia é claramente um CRIME, e estamos a tentar estabelecer se o aborto o é ou não).
Mas tem a virtude importante de chamar a atenção para aquilo que deve ser o fulcro da questão: os DIREITOS do feto. Ou seja: que critério OBJECTIVO podemos estabelecer para definir o momento em que o "aglomerado de células reprodutoras" se transforma em PESSOA COM DIREITOS? E nisso é muito bom a argumentar, acho eu. Preciso e recorrendo a algo de concreto e objectivo.
Cara Cinderela:
Eu não afirmei que o ensaio do Pedro era irrefutável. Só disse que, em termos globais, era o melhor que conhecia, dado desmistificar uma série de maus argumentos pró e contra e apresentar uma conclusão que me parece sólida. Li-o várias vezes e não me apercebi dessa "petição de princípio" de que fala. Como não sou um especialista em falácias, vou relê-lo, com especial atenção ao argumento social. Se encontrar alguma falha flagrante, confrontarei o autor, cujo endereço electrónico é do domínio público. Sei que ele até agradece e acredito que se, porventura, incorreu em qualquer falácia, fê-lo de boa fé.
Eu, sinceramente, fiquei a pensar se não haveria falha na edição ou revisão, pois não parece muito coerente com o resto, onde encontramos rigor e precisão. No entanto, não sendo ninguém infalível... tudo pode acontecer! Quanto à boa-fé, penso que é inquestionável. :)
E posso ser eu que estou a perceber mal! ;)
De qualquer modo, todo este material é importante, e sinto-me grata por haver gente empenhada numa tarefa como esta! Não há paciência para a leviandade da maioria dos argumentos ou pseudo-argumentos! Tanto a favor como contra.
Cinderela:
Houve uma parte que também me soou contraditória. Contactei o Pedro (embora por interposta pessoa) e ele explicou o que queria dizer, que era exactamente o oposto daquilo que eu tinha percebido. Devo dizer que, na minha opinião, a escrita do Pedro não é das mais lineares e, algumas vezes, é difícil de entender. Não sei se é esse o caso e também não tenho com ele a familiaridade necessária para apontar algumas coisas que me parecem menos bem escritas. A menos que possa induzir o leitor em erro. Mas, se quiser fazer um copiar/colar dessa parte do texto, poderei analisar. Vi que já leu o comentário que deixei no seu blogue e vou contactá-la. Mas julgo que já entende porque sou muito exigente com a minha língua, que é a minha pátria.
Pois fico contente com essa informação, obrigada, Lino!...
Mas seria bom então o Pedro rever aquilo. Devo dizer que distribuí por mail o texto aos meus alunos como um documenot extra (estamos a trabalhar o discurso argumentativo), e houve quem levantasse também esta questão, porque contradiz o que eles estudaram sobre argumentos válidos.
Realmente, é estranho, por incoerente com tudo o mais que é dito no texto e contrário ao rigor do resto das afirmações. Daí ter pensado que poderia ser gralha na revisão. Mas que está demasiado estranho, diria que está mesmo!... ;)
Seria óptima uma revisão que tornasse mais clara a linguagem, porque o texto no seu conjunto e a INTENÇÃO são excelentes.
Olá, Lino e Cinderela!
Vejo que o artigo publicado na Crítica tem sido útil -- é esse o objectivo. Fui reler com toda a atenção o ponto 3 do artigo referido e não encontro qualquer incoerência. O argumento é uma réplica ao argumento seguinte: "Devemos legalizar o aborto porque se não o fizermos quem se lixa são os pobres, já que os ricos podem ir ao estrangeiro fazer abortos". A réplica apresentada mostra que este argumento passa ao lado da discussão porque se limita a pressupor que o aborto é eticamente aceitável. E apresenta uma analogia com algo que claramente não é aceitável: a pedofilia. Ninguém argumentaria a favor da legalização da pedofilia só porque os ricos podem sempre ir a outros países para seduzir crianças. Analogamente, não se pode argumentar a favor do aborto dizendo que os ricos irão sempre ao estrangeiro fazer abortos porque esse argumento limita-se a pressupor que o aborto é eticamente aceitável, quando isso é precisamente o que está em questão.
Este é o argumento e se tem alguma falha não é óbvia. Sobretudo, em nada contradiz a noção de argumento válido. Pelo menos, não estou a ver como.
Espero que este esclarecimento seja útil. O maior problema da discussão pública sobre o aborto é que não é uma verdadeira discussão. As pessoas geralmente não querem sequer persuadir quem pensa o contrário delas, querem apenas "demarcar um certo território". Por isso, usam argumentos muito bizarros, como o argumento social, que se limita a pressupor que o aborto é eticamente permissível. Veja-se o artigo que escrevi sobre isso.
Desidério, obrigada!...
Pois não foi isso que entendi, e era isso que eu achava que devia ser dito. Penso que não seria mau explicitar mais, porque a estrutura do raciocínio não é suficientemente visível e cria essa impressão de petição de princípio. Quero eu dizer: se a dúvida surge, ela deve ser resolvida procurando tornar o discurso mais claro. Não será? Agora , com as suas palavras, a coisa fica clara, mas LÁ não foi clara para mim a objecção que se pretendia fazer. Bem sei que estava com gripe! ;) Se calhar afectou-me o cérebro!... Vou reler, de qualquer modo...
Volto a dizer que acho todo este trabalho muito importante, e aproveito para dizer: OBRIGADA! :)
E obrigada ainda por vir aqui dar esta dica e este endereço!
Caro Desidério:
Obrigado por ter vindo aqui prestar este esclarecimento.
Cinderela:
Desde as 17H00 de ontem até às 19H30 de hoje tive acesso limitado à rede, pelo que, quando enviei o minha mensagem de hoje, não tinha dado conta do esclarecimento feito aqui pelo Desidério.
Desidério, lamento não ter podido ler o seu artigo. Suponho que estará no CRITICANAREDE, e eu ando há meses a tentar inscrever-me nele por não conseguir usar o e-mail que lá está... Não consigo escrever para mails "escondidos", por causa de problemas com o outlook, suponho eu. E não quero usar o cartão na web!... ;)
Abraço!
Cinderela:
O sistema Pay Pal é o mais seguro que há, mas podes sempre usar a conta bancária do Desidério. Acho que está lá, senão ele manda-te por e-mail.E se tiveres acesso ao sítio do teu banco podes criar um cartão específico para uma só utilização, que se chama MBnet. Desde que saibas o valor a pagar, vais ao sitio do banco, que te cria um código de cartão não renovável, com o valor que quiseres. No meu banco é gratis.
Caro Lino: muito obrigada!... :) *
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