How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
terça-feira, janeiro 30, 2007
Desmistificar fantasias - II
Em 1998 foram utilizadas imagens de embriões ou fetos alegadamente abortados para tentar incutir nas pessoas a ideia de que, quando se pratica uma IVG, existe um ser que sofre.
Agora, a mesma ideia é transmitida num cartaz em que se pergunta: “ABORTAR POR OPÇÃO QUANDO JÁ BATE UM CORAÇÃO?”.
Vejamos, entanto, o que é a senciência:
“Uma breve definição de senciência foi dada atrás quando foi feita a distinção entre a capacidade de ter experiências e reagir adequadamente a estímulos externos (senciência) e a capacidade adicional de estar ciente de si próprio enquanto indivíduo distinto cuja existência começou um dia no passado e se prolongará no futuro (autoconsciência). Ao fazer essa distinção, pressupôs-se que a senciência e a consciência representam a mesma capacidade e que ser senciente consiste em ter experiências conscientes. A senciência será aqui examinada com mais profundidade porque na bibliografia sobre o bem-estar animal e na ética aplicada em geral este conceito é utilizado de forma ambígua para distinguir duas capacidades diferentes.
Num dos sentidos de "senciência", o conceito não implica consciência fenomenológica (ou saber o que é ter uma certa experiência). É apenas reactividade discriminativa, isto é, a capacidade de reagir a estímulos externos. As plantas e os computadores podem fazê-lo, sem estarem cientes dos aspectos qualitativos dos estímulos a que reagem. Ter experiências fenomenologicamente conscientes requer o conhecimento de alguns aspectos qualitativos (ou qualia) das experiências que temos, por exemplo a vivacidade de uma cor que distinguimos visualmente. Pressupomos que os outros seres humanos são fenomenologicamente conscientes tal como nós, mas (saber) se alguns animais não humanos são fenomenologicamente conscientes é uma discussão em aberto (Carruthers, 1992) . De notar que nem todos os filósofos acreditam que a consciência fenomenológica seja um conceito digno de respeito e alguns têm sustentado que a existência dos qualia enquanto tais é um mito (Churchland, 1988; Dennett, 1988).
A outra caracterização de senciência como capacidade de sentir dor ou prazer inclui a presença da consciência fenomenológica, ou é neutra em relação a ela. Embora as plantas e os computadores possam reagir a estímulos externos de uma forma adequada, não podem sentir dor ou prazer porque carecem da estrutura interna que permita que a dor ou o prazer sejam percepcionados. Quando se trata de animais não humanos, não se pode fazer uma afirmação geral. Alguns animais têm um sistema nervoso semelhante ao nosso, e é provável que sintam dor quando confrontados com estímulos adversos, ao passo que outros animais não.
A senciência no último sentido será examinada por duas razões. Primeiro, não acreditamos que o conceito de consciência fenomenológica seja particularmente útil, se é que é de todo legítimo. Segundo, este último é o sentido no qual a maioria dos filósofos e outros indivíduos preocupados com o bem-estar animal utilizam a palavra. Visto que o que interessa para a consideração moral directa é a presença de crenças e desejos acerca do próprio bem-estar, sentir dor é uma condição necessária para querer evitar a causa da dor. A capacidade de sentir dor é aquilo que nos parece moralmente relevante”.
Lisa Bortolotti e John Harris
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6 comentários:
Deparo-me todos os dias com este cartaz quando vou a chegar ou a sair do trabalho. Trabalho esse que fica num Hospital...
Parece que o não em vez de apresentar argumentos cientificos prefere sempre argumentar pelos sentimentos. E infelizmente, o coração, que não passa de um orgão, continua irremediávelmente ligado aos sentimentos e sensações! Se me dissessem, já existe um pensamento.... agora, já bate um coração?
E já agora... Eu não planeio abortar, não sou a favor do aborto... Sou a favor da escolha!!!
Tenho acompanhado os seus post´s.
Muito, muito bons!
Penso que já lhe disse que coloquei o endereço do seu blog no meu.
Grande abraço.
Muito obrigado.Já disse e eu já vi.
Grande abraço
Não percebo porque é que o meu comentário passou para "anonymous".
Enfim..
Abraço
Bernardo
Nem eu, pois ontem não estava. Mas hoje de madrugada, para entrar fui obrigado pelo Blogger a mudar o código de utilizador. Terá sido disso?
Provavelmente foi!
Abraço
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