terça-feira, dezembro 03, 2013

HOMO

Penso. Verbo, sou uma voz sonora…
Abalo os mundos, pelo céu alastro…
Asa e fogo. Crepito e subo. Um astro
A arder, errante, pela noite fora.

Transcendo o infinito, Zoroastro,
Jesus ou Buda a procurar a aurora
Do dia eterno, enquanto a dor clamora:
- «Deus passou por aqui: segue-lhe o rastro…»

O soluço imortal! O grito amargo,
Vare embora os abismos, não me assombra
E arremesso-me além! mais alto! e ao largo!

E Deus? Como atingi-lo? Dilacero
A sombra onde se oculta e - ó desespero,
Ó voo inútil - não se acaba a sombra…


(poeta altense nascido em 3 de Dezembro de 1871)

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