HOMO
Penso.
Verbo, sou uma voz sonora…
Abalo os
mundos, pelo céu alastro…
Asa e fogo.
Crepito e subo. Um astro
A arder,
errante, pela noite fora.
Transcendo o
infinito, Zoroastro,
Jesus ou
Buda a procurar a aurora
Do dia
eterno, enquanto a dor clamora:
- «Deus
passou por aqui: segue-lhe o rastro…»
O soluço
imortal! O grito amargo,
Vare embora
os abismos, não me assombra
E
arremesso-me além! mais alto! e ao largo!
E Deus? Como
atingi-lo? Dilacero
A sombra
onde se oculta e - ó desespero,
Ó voo inútil
- não se acaba a sombra…
(poeta
altense nascido em 3 de Dezembro de 1871)
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