Poema
suspirado
Algures, num
momento de silêncio,
neste campo
aberto que é a minha vida,
de noite,
sempre de
noite - quando a magia acontece,
surge uma
forma no vento
e nele,
um poema
suspirado.
É certo que
os poemas são mesmo efémeros
e as
palavras um dia serão nada,
desaparecerão
no esquecimento das eras
tal como as
peles que vestimos
e os nomes
que ostentamos.
O poema que
é teu,
trazido pela
brisa que na relva fresca te desenha,
um dia não
será mais que outra coisa,
acompanhando-nos,
na impiedosa
sucessão de formas e sabores
que provamos
e temos de
largar.
Mas esse teu
suspiro
e essa tua
forma
e esse teu
poema
e esse teu
sentido (tão próximo do meu)
pintaram-se
no quadro do horizonte
deste campo
aberto que é a minha vida...
e de noite,
sempre de noite - quando a magia acontece,
a realidade
perceptível da ilusão do universo
colidirá com
nossos fogos,
ardendo em
uníssono,
dançando no
mesmo vento
que agora
desenha nós os dois,
que agora
suspira o ar quente da cama embriagada,
que nesse
momento se deixa entregar...
no mesmo
campo aberto que é a nossa vida
e de noite -
quando a magia acontece,
àquela
pequena parte de um segundo
de uma
eternidade passageira.
Rui Diniz
(poeta
almadense que hoje faz 34 anos)
1 comentário:
Poema suspirado e sentido.
Muito bom!
Abraço
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