Canção a
meia voz
A minha vida
é sempre ontem
E o meu
desejo, amanhã.
Hoje é uma
coisa parada.
Nada sei nem
faço nada.
Certeza é
palavra vã.
Não sou. Ou
fui ou serei.
Se ao menos
tivesse fé!
Corro atrás
duma quimera.
Ou então
fico-me à espera,
Porém à
espera de quê?
Porque abri
as minhas mãos
E deixei
fugir o instante
Que havia
nelas ainda?
Agora o nada
não finda
E o tudo é
sempre distante!
Virás tu ao
meu encontro,
Ou sou eu
que devo achar-te?
Quem pudera
descansar!
Ver, ouvir e
não pensar!
Ser aqui e
em toda a parte!
Chego tarde
ou muito cedo.
Ou paro
aquém ou além.
Houvesse
algo para mim
Sem ter
principio nem fim,
Sem ser o
mal nem o bem!
(poeta
madeirense nascido a 22 de Março de 1897)
1 comentário:
Muito bom, este poema!
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