DE PROFUNDIS
Há um
restolhal, onde cai uma chuva negra.
Há uma
árvore marrom; ali solitária.
Há um vento
sibilante, que rodeia cabanas vazias.
Como é
triste o entardecer
Passando
pela aldeia
A terra órfã
recolhe ainda raras espigas.
Seus olhos
arregalam-se redondos e dourados no crepúsculo,
E seu colo
espera o noivo divino.
Na volta
Os pastores
acharam o doce corpo
Apodrecido
no espinheiro.
Sou uma
sombra distante de lugarejos escuros.
O silêncio
de Deus
Bebi na
fonte do bosque.
Na minha
testa pisa metal frio
Aranhas
procuram meu coração.
Há uma luz,
que se apaga na minha boca.
À noite
encontrei-me num pântano,
Pleno de
lixo e pó das estrelas.
Na
avelãzeira
Soaram de
novo anjos cristalinos.
(tradução: Cláudia Cavalcante)
1 comentário:
Um poema em que a nostalgia tem corpo de gente e, de gente se faz entardecer e distância.
L.B.
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