sábado, julho 24, 2010

Safra

Como um viticultor ocioso come
em pleno outono, uma por uma, as uvas
do cacho que ele viu nascer, pesar,
sob os olhos do sol e o próprio olhar;
e em que, mais demorando o paladar
na espera aberta entre o prazer e a fome,
já reconhece o gosto bom das chuvas
lavando os fornos do verão distante;
e, como uma saudade só, o sabor
da terra presa às mãos grossas de suor
- assim viver a vida, instante a instante.

Geir Campos*

*poeta carioca

2 comentários:

jrd disse...

E o cheiro da terra molhada.

vieira calado disse...

Onde foi você descobrir este belo poema?

Eu não conhecia...

Bom Domingo.

Um forte abraço