Safra
Como um viticultor ocioso come
em pleno outono, uma por uma, as uvas
do cacho que ele viu nascer, pesar,
sob os olhos do sol e o próprio olhar;
e em que, mais demorando o paladar
na espera aberta entre o prazer e a fome,
já reconhece o gosto bom das chuvas
lavando os fornos do verão distante;
e, como uma saudade só, o sabor
da terra presa às mãos grossas de suor
- assim viver a vida, instante a instante.
Geir Campos*
*poeta carioca
2 comentários:
E o cheiro da terra molhada.
Onde foi você descobrir este belo poema?
Eu não conhecia...
Bom Domingo.
Um forte abraço
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