How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
quinta-feira, novembro 08, 2007
Especulação
Todos os dias somos confrontados com novos máximos do preço do petróleo nos mercados de Nova Iorque e Londres, o qual se aproxima perigosamente dos 100 dólares por barril, se é que não os ultrapassou já no momento em que escrevo.
Os motivos apresentados pelos jornalistas e pelos vários “especialistas” ouvidos ou lidos de quando em vez variam desde o aumento da procura por parte da China e da Índia, à insuficiência das reservas dos Estados Unidos, passando pela guerra no Iraque, as sanções ao Irão ou o receio de invasão do Curdistão iraquiano por parte da Turquia, sem esquecer as tempestades no golfo do México.
Mas a verdadeira causa pode ser apenas uma e tem o nome de especulação. Há alguns meses, andava o barril pelos 70 dólares, ouvi uma entrevista de Hugo Chaves a afirmar que 50 dólares seria um preço justo. Agora, o ministro do petróleo da Índia, Sr. M. S. Srinivasan, que não consta que tenha inclinações socialistas, fez uma recomendação pouco ortodoxa e quase blasfema para os ouvidos dos neo-liberais paladinos da economia de mercado sem controlo. Retirar o crude das Bolsas de Mercadorias de Nova Iorque e Londres, eliminando pura e simplesmente os intermediários.
“Não há, neste momento, constrangimento no fornecimento e a procura não está fora de controlo”, disse o Sr. Srinivasan numa entrevista em Nova Deli, acrescentando que a sua comercialização em mercados como o Nymex (New York Mercantile Exchange) está a contribuir “enormemente” para os preços altos. Se o crude fosse eliminado das mercadorias (ou commodities, como dizem os tais especialistas) transaccionadas no Nymex, o mundo “assistiria a uma redução drástica do preço”, referiu ainda.
A recomendação do Sr. Srinivasan está baseada na crença, altamente difundida, de que os investidores estão a inflacionar artificialmente os preços. Bancos, Fundos de Pensões e Hedge Funds investiram, nos últimos anos, rios de dinheiro no comércio do petróleo, apostando num aumento da procura. Embora não haja consenso entre os analistas sobre o aumento do preço que poderá ser imputado a tais investidores, as estimativas variam entre 10 e 30 dólares por barril.
E o Sr. Srinivasan não está sozinho. Vozes tão díspares como Mohammad Alipour-Jeddi, responsável pela análise de mercado da OPEP, e William F. Galvin, secretário de estado no Massachusetts, responsabilizaram os especuladores pelo aumento dos preços. “Existe crude suficiente nos mercados”, disse o Sr. Alipour-Jeddi na segunda-feira. Problemas na refinação e “actividades especulativas” estão a forçar o aumento dos preços, acrescentou.
E assim, enquanto alguns enchem os bolsos em actividades que, mesmo sendo perfeitamente legais, não deixam de ser eticamente condenáveis, a maioria do planeta sufoca com os aumentos dos preços, quer o do petróleo em si quer o de todos os bens cujos preços são enormemente influenciados por aquele.
(Fontes: The New York Times e The Washington Post)
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2 comentários:
Muito interessante, esta notícia, Lino!
MUUUITO, mesmo!
Poi é, Bianca. Nunca tão poucos ganharam tanto dinheiro em tão pouco tempo à custa de tantos.
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