domingo, março 18, 2007




António Nobre nasceu no Porto, a 16 de Agosto de 1867 e faleceu na Figueira da Foz, a 18 de Março de 1900, vítima de tuberculose.

Apesar de ter vivido apenas 33 anos, a sua obra é considerada entre as mais originais da sua geração, marcada por romantismo tardio: saudosista, sentimental e melancólico. Os seus traços simbolistas são a musicalidade, as sinestesias e as imagens estranhas e inesperadas. A colectânea de poemas intitulada , foi publicada em Paris, em 1892, quando tinha 25 anos. António Nobre tinha viajado para Paris, para estudar na Sorbonne, onde se diplomou em Ciências Políticas e Direito, em 1894.

No aniversário da sua morte, optei por não afixar o seu soneto mais conhecido e preferi escolher um outro que me parece sobremaneira premonitório, escrito no mesmo ano, não no bulício de Coimbra, onde estão estudava, mas na bucólica rotina duriense:

Meus dias de rapaz, de adolescente,
Abrem a boca a bocejar, sombrios:
Deslizam vagarosos, como os Rios,
Sucedem-se uns aos outros, igualmente.

Nunca desperto de manhã, contente.
Pálido sempre com os lábios frios,
Ora, desfiando os meus rosários pios...
Fora melhor dormir, eternamente!

Mas não ter eu aspirações vivazes,
E não ter como têm os mais rapazes,
Olhos boiados em sol, lábio vermelho!

Quero viver, eu sinto-o, mas não posso:
E não sei, sendo assim enquanto moço,
O que serei, então, depois de velho.

António Nobre - Belos Ares, 1889.

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente!
Obrigado pela correcção no meu blog confundi o aniversário de nascimento com o de falecimento e ontem não me lembrei de postar.
Abraço