Noturno
Não sou o que te quer. Sou o que desce
a ti, veia por veia, e se derrama
à cata de si mesmo e do que é chama
e em cinza se reúne e se arrefece.
Anoitece contigo. E me anoitece
o lume do que é findo e me reclama.
Abro as mãos no obscuro. Toco a trama
que lacuna a lacuna amor se tece.
Repousa em ti o espanto que em mim dói,
norturno. E te revolvo. E estás pousada,
pomba de pura sombra que me rói.
E mordo teu silêncio corrosivo,
chupo o que flui, amor, sei que estou vivo
e sou teu salto em mim, suspenso em nada.
(poeta carioca nascido a 12 de Novembro de 1940)
4 comentários:
Poema de noite sofrida.
Há noites assim
desalinhadas
muito belo este "noturno"
Beijos
O vídeo não foi possível ver, Do poema , gostei muito.
Uma noite serena.
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