A Canção da Saudade
Que tarde imensa e fria!
Lá fora o vento rodopia...
Dança de folhas...
Folhas, sonhos vãos, que passam,
nesta dança transitória,
deixando em nós,
no fundo da memória,
o olhar de uns olhos e
a carícia de umas mãos...
Ante a moldura de um retrato antigo,
põe-se a gente a evocar
coisas emocionais.
Tolda-se o olhar, o lábio treme,
a alma se aperta,
tudo deserto...
A vida em torno tão deserta...
Que vontade nos vem de sofrer mais!
Depois, há sempre um cofre
e desse cofre
tiramos velhas cartas, devagar...
É a volúpia enervante de quem sofre:
ler velhas cartas e depois chorar...
Que tarde imensa e fria!
Nunca mais te verei...
Nunca mais me verás...
Lá fora o vento rodopia...
Que desejo me vem de sofrer mais!
(poeta pernambucano falecido a 28 de Novembro de 1958)
1 comentário:
lino
Adorei o poema.
Beijinho
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