terça-feira, agosto 30, 2011

Não Te Rendas Jamais

Procura acrescentar um côvado
à tua altura. Que o mundo está
à míngua de valores
e um homem de estatura justifica
a existência de um milhão de pigmeus
a navegar na rota previsível
entre a impostura e a mesquinhez
dos filisteus. Ergue-te desse oceano
que dócil se derrama sobre a areia
e busca as profundezas, o tumulto
do sangue a irromper na veia
contra os diques do cinismo
e os rochedos de torpezas
que as nações antepõem a seus rebeldes.
Não te rendas jamais, nunca te entregues,
foge das redes, expande teu destino.
E caso fiques tão só que nem mesmo um cão
venha te lamber a mão,
atira-te contra as escarpas
de tua angústia e explode
em grito, em raiva, em pranto.
Porque desse teu gesto
há de nascer o Espanto.


(poeta carioca)

Poema dedicado à minha filha, no dia do aniversário.

4 comentários:

Sofá Amarelo disse...

E foi o Espanto que moveu terras e oceanos e trouxe o Homem até ao Mundo das escarpas...

Manuel Veiga disse...

bela licção de vida!
pela árvore se conhecem os frutos.

parabéns.

abraços

BlueShell disse...

"entre a impostura e a mesquinhez" te digo que ACHEI MARAVILHOSO! Não conhecia: grata por partilhares. BShell

jrd disse...

Um poema, um espanto!