Soneto do exílio
Mais além, leve e alada, a imaginária
arquitetura irreal, sombra a crescer
sobre a terra dos mortos, solitária.
Na falsa noite não deixou de ser
ouvida a melodia perdulária.
Se acaso o húmus da vida fez nascer
luz esquiva na angústia milenária,
é chegado o momento de esquecer
as obscuras heranças desvividas
por desamor e amor: frágil reinado
em manhãs de magia, pressentidas
além de tempo e espaço. (E, roto o manto,
na torre enoitecida um exilado
rei de si mesmo. Que lhe resta? O canto.)
(poeta pernambucano nascido há 100 anos)
1 comentário:
Um canto "real" mas sofrido.
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